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Dia Internacional da Mulher



Não há uma data de um acontecimento especifico, mas um conjunto de mobilizações das mulheres no início do século passado, que lutaram pela igualdade de direitos e condições de trabalho em diversos países do mundo como as melhorias nas condições de trabalho que ocasionaram as mortes de centenas de operárias numa fábrica nos EUA e várias marchas pela vida e pelo direito a igualdade protagonizadas pelas mesmas nos continentes da América e Europa e em 08 de março de 1917 houve uma marcha das mulheres russas contra a participação da nação na guerra e contras as mazelas sociais por parte do governo que desencadeou o caos de fome e miséria no país, que deu bases e forças para a Revolução Russa.

E com 100 anos desde o início destas lutas, as questões de desigualdade de gênero ainda persistem, e aqui no Brasil o dia 08 de março é marcado por reivindicações sobre igualdade salarial e protestos contra a criminalização do aborto e a violência contra a mulher. Em nosso país a data é ainda, destinada ao reconhecimento de todas as conquistas alcançadas pelas lutas travadas pelo público feminino, como o direito de estudar as séries primárias, o direito ao voto, o estatuto da mulher e a lei do divórcio, bem como a constituição de 1988 e o reconhecimento da igualdade entre homens e mulheres.

Ao longo dos anos as mulheres lutaram, conquistaram e inspiravam tantas outras a continuar buscando melhorias sociais. A importância das mulheres na Ciência é algo incontestável e na Geografia desempenham um papel de afirmação e pluralidade no pensamento geográfico. São milhares de geógrafas que fazem dia a dia a construção da Ciência Geográfica. No Brasil, desde a institucionalização da Geografia na década de 1930 as mulheres estiverem ativas no cenário e contexto político-acadêmico. A primeira tese de doutorado em Geografia defendida no Brasil, na USP, foi de uma mulher, Maria da Conceição Vicente de Carvalho!
Maria da Conceição Vicente de Carvalho


São inúmeras geógrafas atuando no desenvolvimento da Geografia brasileira que enriquecem a produção e difusão de conhecimento, com sua dedicação e qualidade na formação profissional, crítica e cidadã de muita gente. Parabéns hoje e todos os outros dias do ano!


Ah e saca só, os projetos Geografirme e Norte Geográfico se uniram para reconhecer as mulheres que lutam, conquistam e inspiram através da ciência e do ensino da Geografia na Amazônia, em especial no Estado do Pará. Vale a pena conferir as publicações que fizemos em nossas redes sociais como Instagram e Facebook.

O BBB é reflexo da sociedade brasileira?

 

BBB é a abreviação de Big Brother Brasil, uma versão brasileira do reality show Big Brother, produzido e exibido pela Rede Globo. Sua primeira edição teve início em 29 de janeiro de 2002, com uma segunda temporada sendo exibida no mesmo ano. A partir da terceira edição, o programa passou a ser anual, sendo realizado atualmente de janeiro a metade ou final de abril.
O programa consiste no confinamento de um grupo de pessoas em uma casa cenográfica, sendo vigiados por câmeras 24 horas por dia, sem conexão com o mundo exterior. Os participantes não podem se comunicar com parentes e amigos, ler jornais ou usar de qualquer outro meio para obter informações externas. Tais participantes são selecionados pela produção do programa através de processos de inscrição, entrevistas e seleção e os famosos são convidados, mas podem optar por querer ou não entrar na casa e todos têm o direito de desistir a qualquer momento do programa. A cada semana, um participante é eliminado do programa por meio de votação do público. Os participantes têm como objetivo vencer as provas, superar as eliminações semanais e permanecer na casa até o último dia, quando o público escolherá quem será o ganhador do grande prêmio final.

O programa carrega entre outros, o conceito do livro 1984 de George Orwell, no citado romance o personagem do Grande Irmão (Big Brother) é o líder supremo do cenário (a fictícia Oceânia) que controla toda a população, um poder cínico e cruel que vigia todos. Pois bem, não daremos tantos detalhes para não perder o foco do post nem para dar spoilers maiores do livro, de uma realidade fictícia e de pouco sentido histórico.
As edições passadas do BBB sempre tiveram polêmicas de diversas ordens como preconceitos disseminados, brigas internas, favorecimento de candidatos, manipulação entre outros, mas a edição 2021 é a primeira a apresentar negros numa quantidade expressiva, em sua maioria pessoas negras que já possuem certo grau de influencia no meio artístico e em redes sociais.
O que chama atenção ainda por cima, e principalmente ao Geografirme, é como o público (que assiste ou não, haja vista que o programa tem enorme repercussão) está encarando as situações que ocorrem dentro da casa vigiada, chegando a considerar que ali naquele reality show, existe a verdadeira realidade da sociedade brasileira. Será mesmo que o BBB representa a vida real e cotidiana dos brasileiros?


Vamos à reflexão geográfica, utilizaremos a categoria de espaço pois é a totalidade dinâmica em que as relações nele ocorrem baseadas na materialidade histórica produzida e através da categoria buscamos a compreensão mais geral das relações sociedade x natureza. O espaço geográfico brasileiro como vemos hoje é produto das realizações passadas, contudo sua formação social passou por processos de reformulação intensa com a chegada dos europeus e desenvolvimento de atividades econômicas. Aglomerados populacionais, vilas e cidades se desenvolveram e a base de todo esse desenvolvimento foi fundamentado nas relações de escravidão que duraram por mais de 300 anos no Brasil, com o fim oficial em 1888.

100 anos se passaram, e em 1988 foi então implementada a constituição mais recente que conhecemos, tendo reconhecimento internacional pelo seu grau de desenvolvimento e de respeito à Declaração Universal dos Direitos Humanos. Na Constituição está previsto como crime as práticas racistas e de exclusão ou discriminação de pessoas por classe, cor ou gênero, como uma forma de reparação das mazelas sociais e políticas do governo brasileiro durante muitos anos. A questão fundamental é que se resgatarmos tudo que há de produção no espaço geográfico brasileiro, há ações enraizadas e transformadas desde a época da escravidão há mais de 300 anos e há também as ações mais recentes desde o fim da escravidão e outras mais vanguardistas dos últimos 30 desde a Constituição de 1988. Fica a reflexão agora à você, leitor. Se o espaço é resultado das novas e antigas produções e ações materializadas na história e o hoje é reflexo do que foi ontem, há como apagar em definitivo o passado da escravidão negra no Brasil?
Também não iremos nos ater ao que significa racismo ou se existe racismo reverso, haja vista que todos deveriam já saber do que isso significa. Mas caso não se encontres totalmente a vontade de discutir essa temática, indico a você ler as matérias do Xadrez Verbal o artigo de Marcos Candido e do Instituto Modo Parités.

Agora vamos a alguns dados importantes para contribuir em sua reflexão:
- Em 2018, os negros eram a maior parte da força de trabalho no Brasil, correspondendo a 54,9%;
- Os negros ganham menos no Brasil do que os brancos;
- O rendimento médio domiciliar per capita de pretos e pardos era de R$ 934 em 2018, no mesmo ano, os brancos ganhavam, em média, R$ 1.846 – quase o dobro;
- Entre os 10% da população brasileira que têm os maiores rendimentos do país, só 27,7% são negros;
- A pobreza extrema que é um índice quando a pessoa vive com menos de US$ 1,90 (algo que corresponde a mais ou menos 10 reais) por dia – atinge 8,8% da população negra no Brasil e 3,6% da população branca;

Os dados acima foram extraídos do estudo de Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, do IBGE.

Agora façamos a mesma reflexão sobre a proporção de atores, pintores, artistas negros e brancos, qual a maioria que você facilmente encontra nos meios de comunicação?
Por isso a realidade onde pretos dominam e controlam a situação só pode existir na ficção ainda, porque na maioria das escolas privadas, nos centros urbanos, nos locais sofisticados, nos maiores veículos de comunicação, filmes. Quem domina é a população branca!

E outra situação mencionada anteriormente, o BBB se trata de um programa televisivo em canal aberto, os participantes que lá estão confinados passaram por diversos processos de seleção e filtros até a produção encontrar os perfis ideais para o programa. Além disso, existem diversas edições, cortes e roteirizações antes do programa ir ao ar, que dá liberdade para a produção contar a narrativa que lhe for conveniente! "Ah mas existe paper view e lá tem tudo sem edição". Sim, mas grande parte da população não tem acesso a esse meio e nem interesse, o que chega na maioria da população são as narrativas da TV ABERTA.


Isso não teria nenhum problema se o reality fosse pelo caminho apenas do entretenimento, mas como a edição 2021 do BBB caminhou para um lado mais polítizado, a mesma está gerando muito mais desinformação e distorcendo a realidade brasileira, marchando em direção ao retrocesso, pois convenhamos, não existe militância de movimentos identitários num programa que coloca uns contra ou outros e que premia com uma boa quantia em dinheiro a pessoa que ficar até o final e tampouco é foco do programa tratar de questões tão complexas, pensem conosco: o programa é de entretenimento, as pessoas que o assistem buscam entretenimento, logo, não é de interesse do público ver discussões desta ordem e quando elas ocorrem num espaço que não é adequado e com nenhuma orientação da produção, a tendência é cometer erros, apresentar uma visão deturpada sobre algo muito sério, e levar ao público um conteúdo superficial e editado sob uma narrativa que sempre vai buscar um vilão e um mocinho. E só quem perde é a sociedade brasileira que passa a compreender aquilo enquanto realidade do país.


O BBB não só não representa o Brasil, como o distorce e fornece argumentos aos pensamentos reacionários que tanto prejudicam a ciência e sociedade brasileira. A vida real neste programa está somente na música tema de autoria de Paulo Ricardo.









REFERÊNCIAS


BENEDITO, D. Os deserdados do destino: construção da identidade criminosa negra no Brasil. Revista Palmares Cultura Afro-Brasileira; 52: 63. Brasília, Fundação Palmares, 2005. Disponível em: http:// www.palmares.gov.br/sites/000/2/download/ revista2/revista2-i52.pdf . Acesso em fev. 2021.

FERNANDES, F. In: NASCIMENTO, A. do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Prefácio. Rio de Janeiro: Paz e Terra , 1978

IBGE. Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil. Estudos e Pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica n.41. 2019. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf Acesso em: 01 março de 2021.

SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico-informacional. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2008.

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