A geografia é a ciência cuja prioridade de estudo está direcionada ao espaço geográfico, pois trata-se do seu objeto de estudo. Para ler, analisar e compreender melhor o espaço geográfico, o profissional da geografia dispõe de um conjunto de categorias analíticas, que estão contidas no espaço, que são: paisagem, lugar, território e região.
Como este assunto é muito importante e complexo, vamos dividir em uma série de posts que irão trabalhar cada categoria da geográfica. E dando continuidade a série, hoje vamos discutir um pouco mais a respeito de outra categoria: O Lugar
A palavra "lugar" é empregada comumente na maioria das conversas como uma classe de área pequena e localização indefinida. Para a geografia o lugar é onde a vida acontece, é o centro do convívio social.
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No estudo do lugar, cabe ao geógrafo considerar os seus limites territoriais, a proximidade física entre as pessoas e a sociabilidade entre elas. Considerar o lugar em sua totalidade social, é tê-lo como o lugar da base da reprodução da vida, é o mundo do vivido, onde se produz a existência social dos seres humanos, e analisá-lo enquanto a tríade: habitante – identidade – lugar. Entender o lugar enquanto base da convivência social é um princípio lógico, pois dizer que uma pessoa vive no mundo, ou no continente americano, ou território brasileiro ou região norte é muito impreciso porque a pessoa vive em um lugar determinado, em uma classe de área menor a qual ela (a pessoa) criará vínculos de identidade e de pertencimento. E esse lugar estará então localizado nas classes de áreas maiores (região, país, continente etc.)
De acordo com Milton Santos “Cada lugar é, à sua maneira, o mundo”. Em outros termos, o lugar é singular, mas ao mesmo tempo é o mundo, devido a inevitável conexão que a técnica, ciência e informação possibilita com outros lugares. “Mas, também, cada lugar, irrecusavelmente numa comunhão com o mundo, torna-se exponencialmente diferente dos demais. A uma maior globalidade corresponde uma maior individualidade”. Nesse sentido, quanto maior a conectividade do lugar com os demais a nível global, maior será a sua individualidade, rompendo assim com a ideia de homogeneização.

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A individualidade do lugar decorre justamente da quantidade de processos pelos quais ele está inserido. E nesse emaranhado de processos internos e externos, a um movimento de revolta, de resistência contra a homogeneização dos lugares, trata-se da revanche da cultura popular contra a cultura de massa. A cultura popular torna-se também de massa, na medida em que passa a utilizar instrumentos da globalização para a sua maior difusão, preconizando assim a expansão da identidade local para além do lugar, impelindo a participação e apreço dos indivíduos para com as raízes e fortalecendo assim a identidade concreta do lugar. De acordo com Milton Santos.
Deste modo, pode-se dizer que, o lugar é o ponto de encontro de múltiplas práticas sócio-espaciais, é o palco do devir cotidiano social, é a base da vida comum, das identidades, do sentimento de pertencimento e das forças espontâneas e criativas dos indivíduos por meio da razão e da emoção.
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REFERÊNCIAS
CASTRO, I. E. (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. 15. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico-informacional. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2008.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2012.
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