Bom, provavelmente você deve ter conferido a série de posts sobre as categorias de análise da geografia, mas se ainda não leu, aproveite e leia agora, para evitar qualquer conflito de ideias pois este post agora é de forma resumida que iremos elucidar como funcionam as categorias que o profissional de geografia dispões para pesquisa e como os estudantes em geral devem compreender em seus diversos contextos.
Como explicamos, a Geografia para poder explicar melhor os fenômenos, dispõe de 5 categorias-chave e que são de uso em geral, como o Geógrafo Marcelo Lopes de Souza pontua em um de seus livros, são conceitos que fazem parte do arsenal de conceitos fundamentais para a pesquisa sócio-espacial. São eles: Espaço, Paisagem, Lugar, Território e Região. Cada categoria dessa possui sua importância e maior força conforme a escala de análise e os principios que irão orientar o estudo. Veremos um por um
Espaço:
É a categoria mais geral, que segundo o geógrafo Milton Santos, o espaço é o conjunto inseparável do sistema de ações e sistema de objetos que se organizam e atribuem sentido um ao outro, sendo assim a totalidade de tudo que conhecemos hoje, por isso é a categoria chave mais geral da geografia, a escala de análise dela é infinita, partindo da micro até a macro, mais seu uso está mais associado aos processos gerais justamente pelo movimento de organização da sociedade se reproduzir em várias partes do globo.
Paisagem:
É a categoria mais voltada para o que o geógrafo Christofoletti considera como função estético-descritiva, pois seus estudos são obtidos através dos sentidos como visão, olfato, audição entre outros. E por estar muito ligada para as análises ambientais, a categoria é muito usada na parte de geografia física que analisa as interações entre os ambientes aquáticos e terrestres, como também as questões vegetais e climáticas.
Lugar:
É a categoria geográfica que está mais próxima das escalas menores, foi resgatada através das correntes de pensamento mais contemporâneas e leva em consideração as questões mais ligadas ao subjetivo. Existe toda uma discussão do que seria o lugar, pois como existe a questão afetiva, os lugares variam conforme a subjetividade de cada pessoa, assim, quanto menor a escala, maior a afetividade e maior a relação de lugar. Esta categoria é muito usada para explicar os sentimentos de pertencimento e práticas culturais das pessoas enquanto coletividade. Assim, as manifestações culturais podem ser explicadas a partir das relações de lugar, afetividade, pertencimento e identidade.
Território:
É a categoria mais emblemática e de maior interesse no público geral, pois o território se remete ao espaço em que se constitui a partir de relações de poder, partindo da definição de poder mais usuais como Foucault e Arendt para sua disputa e conflito no espaço. O uso desta categoria é muito vasto, no espaço rural é muito forte nos estudos agrários quando utilizado para explicar as relações do campo, onde há os conflitos pelo uso do território pelos posseiros, fazendeiros, camponeses, grileiros etc.
Mas o ponto que mais interessa o público em geral é que a área de estudo da geografia que se debruça pelo território é a Geografia Política e a Geopolítica, as quais são áreas que analisam as relações humanas, relações de estados e nações e explicam a existência de conflitos, uniões e interesses econômicos por parte dos mais diversos agentes (pessoas, orgãos, instituições, países e blocos).
Região:
Possivelmente a categoria mais comentada pelo blog por se tratar de um conceito que estava no centro da constituição desta ciência, ela é complexa e existe assim como as outras categorias pela ação da dinâmica natural ou da sociedade, mas também existe a partir do interesse do pesquisador que recorta o espaço num conjunto de áreas em comum a partir de características que o mesmo define previamente. Um exemplo disso são as divisões regionais do IBGE que divide o Brasil em 5 grandes regiões respeitando os limites administrativos estaduais, mesmo que um mesmo estado como o do Maranhão compartilhe características semelhantes a da região norte e nordeste. O interesse levado em conta pelo pesquisador nessa situação é a facilidade para processar os dados e explicar ao público em geral as divisões do Brasil.

Todas essas categorias estão entrelaçadas e não há existência exclusiva delas, ou seja, uma mesma área pode ser espaço e território, território e lugar, paisagem e lugar, espaço e região e assim sucessivamente.
Veja a seguir um esquema das categorias a partir da formulação do geógrafo Rogério Haesbaert que os classifica como constelação de conceitos:
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. C. Geografia: ciência da sociedade. São Paulo, 2003
CHRISTOFOLETTI, A. Perspectivas da Geografia. São Paulo: Difel, 1982.
CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CORRÊA, R. L. (org.) Geografia: conceitos e temas. 6 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, p. 15-47.
HAESBAERT, Rogério. Por uma constelação geográfica de conceitos. In: HAESBAERT, Rogério. Viver no limite: território e multi/transterritorialidade em tempos de insegurança e contenção. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. P. 19 – 51.
SANTOS, M. Espaço e sociedade. Petrópolis (RJ): Vozes, 1979.
SODRÉ, N. W. Introdução à Geografia. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1977.
SOUZA, Marcelo Lopes de. Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.