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ACRE

 O estado o Acre está situado na Região Norte, no extremo oeste do Brasil, sua capital é Rio Branco e quem nasce no estado é chamado acreano ou acreano. Sua área compreende 164.123,738 km² e ocupa, entre os demais estados da federação, o 16º lugar em área territorial.

O estado faz fronteira com o estado do Amazonas ao norte e em seu extremo ocidental – em uma estreita faixa da fronteira, limita-se com Rondônia. Em sua porção noroeste, faz também fronteiras internacionais com o Peru e a Bolívia. É no Acre que se encontra o ponto mais ocidental do Brasil, a nascente do rio Moa.





Relevo
O território acreano é quase todo recoberto por formações de planícies, que raramente alcançam 300 metros de altitude. A planície amazônica alcança a porção sul do estado e as altitudes muito baixas fazem com que alguns autores classifiquem essa formação como uma depressão relativa.


Nas terras mais ao sul do estado, o relevo permanece plano, no entanto as altitudes são um pouco mais elevadas.

Clima
O clima característico do Acre é o equatorial, que apresenta durante todo o ano altas temperaturas e elevada umidade. Os moradores locais classificam as estações do ano em verão e inverno. Os meses chuvosos, de setembro a maio correspondem ao inverno, que ao contrário do que poderíamos imaginar, ainda possui altas temperaturas. O verão, nos meses de junho, julho e agosto é o verão, a estação mais seca, embora ocasionalmente ainda ocorram chuvas. Além de chuvas regulares, o clima também apresenta baixa amplitude térmica – ou seja, as temperaturas variam pouco entre a mínima e a máxima. O estado tem um dos mais altos índices pluviométricos – volume de chuvas – do país, que ultrapassam os 2.100 milímetros anuais.

Hidrografia
Os rios acreanos, possuem grande importância para a navegação, transporte de mercadorias e pessoas e para a fixação das populações ribeirinhas. Os principais rios do Acre são: Uma pequena parte do Rio Negro, Rio Moa, Breu, Tarauacá, Envira, Alto Purus, Purus, Iaco, Acre, Tejo, Rio Abunã e Rio Juruá.

Toda essa contextualização geográfica foi feita para tratarmos de um assunto sério, as enchentes de fevereiro de 2021 no estado do Acre que afetaram mais de 37 mil famílias que estão desalojadas ou desabrigadas em 10 municípios impactados pelas enchentes. O Acre está sob estado de calamidade, decretado pelo governador Gladson Cameli (PP). A decisão ocorreu após a cheia dos rios Acre, Juruá, Envira, Iaco, Purus e outros mananciais, além do transbordamento de alguns igarapés.

Estima-se que são cerca de 130 mil pessoas impactadas diretamente pela cheia dos rios. Os 10 municípios atingidos são: Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Tarauacá, Sena Madureira, Santa Rosa do Purus, Porto Walter, Feijó, Jordão e Rodrigues Alves. Se você puder analisar no mapa a seguir, podes conferir que os 10 municípios estão distribuídos por todo estado e se concentram nas faixas centrais



Apesar do município de Sena Madureira ser o mais atingido devido o rio Iaco, que cruza a cidade, estar 2,7 metros acima do nível de alagamento e 3,94 do nível de alerta, vamos focar nossas análises sobre o município de Rio Branco, que é a capital do Acre, cortada pelo Rio Acre que divide a capital em dois distritos. Veja na imagem a seguir:

Na imagem podemos ter a visão aérea da cidade de Rio Branco cortada pelo rio em sua fase de leito maior. O leito maior pode ser comumente encontrado nos meses de dezembro a fevereiro, podendo se estender até março. Percebam o quanto a ocupação urbana é próximo às margens do rio. Isso se trata de um padrão espacial de ocupação antigo na Amazônia que mantém registros até hoje de ocupações próximas às margens do rio para desenvolvimento das atividades econômicas e navegação.
O problema disto é que dentre outras situações, a região tem clima equatorial, elevado índice de pluviosidade (chuvas) e o estado do Acre é cortado por rios e possui relevo de baixa altitude.
Como consequência, em algumas situações o leito do rio chega em sua fase excepcional que "transborda" os limites normais, e como este ano o regime de chuvas foi maior que o esperado,  o limite dos rios excedeu ainda mais, as consequências podem ser notadas na imagem a seguir


A situação se torna ainda mais alarmante pois milhares de famílias ficaram desabrigadas e o governo estadual e municipal não tem espaços de abrigo suficiente para organizar as pessoas devido o cenário pandêmico que não permite aglomerações. E além do estado de calamidade pública declarado pelo Ministério Público do Acre, o mesmo estado está passando por uma crise sanitária de surto da dengue.

A iniciativa SOS Acre, promovida pelo Ministério Público do Estado (MPE/AC), em parceria com o Tribunal de Justiça (TJ/AC), ganhou força no último fim de semana com o apoio da acreana, atriz e ex-BBB, Gleici Damasceno, e do coordenador do Voz das Comunidades (RJ), Rene Silva


SOS Acre
As doações para o SOS Acre podem ser feitas em dinheiro, por transferência ou depósito bancário: 
Agência: 2359-0 
Conta Corrente: 14.300-6 
PIX: 63.589.899/0001-40


SOS Acre - CUT 
Para doar, basta enviar a quantia desejada por meio de PIX 
PIX 020.888.102-69. 

SOS Povos Indígenas do Acre e Sul do Amazonas PIX 
PIX (68) 99612-9696

Geografia Politica e Geopolítica são as mesmas coisas?

 

É muito comum o uso reccorente das duas expressões como se fossem sinônimos ou como se elas se referissem a mesma coisa. Talvez devido o histórico com que a geografia tende a suprimir muitas palavras e termos (um bom exemplo disso é quando substituímos as palavras dos índices social e econômico por um só termo: socioeconômico). 

Pois bem, a Geografia Política é a área de estudo da geografia sobre os Estados, seria basicamente a aplicação dos estudos da ciência geográfica na gestão e fortalecimento de uma nação. Termo desenvolvido em meados do século XIX por um geógrafo alemão, Friedrich Ratzel, esse estudo tinha como dois grandes pilares o determinismo geográfico, uma corrente de pensamento alemã que dizia que as localidades determinavam as potencialidades humanas, sociais, econômicas, e o espaço vital, que conceituava a região para o desenvolvimento de uma nação.

Friedrich Ratzel


 O contexto em que se insere esta Geografia Política é o momento da unificação Alemã em um Estado-Nação e da “expansão à oeste” que ocorreu nos Estados Unidos (faremos um post sobre o Destino Manifesto e Unificação Alemã).

Esses estudos de Ratzel foram influenciados pelas teorias de Charles Darwin – do livro A Evolução das Espécies – obra que deu base para muitos postulados científicos da época. Todas essas influências fazem Ratzel entender o Estado-Nação como um organismo vivo que evolui, tendo assim Nações mais evoluídas que outras. E essa evolução dar-se-á de acordo com as localidades.

Obs: caso uma nação fosse bem desenvolvida (evoluída), ela teria por seu dever, expandir seu espaço vital, tomando outros territórios até chegar ao progresso máximo (em breve também teremos um post sobre o espaço vital).

Já a Geopolítica difere um pouco por se tratar do estudo das relações entre os Estados (países, governos), políticas de alianças e prioridades. Os países com maior capacidade econômica irão organizar o mundo segundo a visão deles. Ou seja, irão impor uma ordem no mundo segundo seus interesses e prioridades.

Rudolph Kjéllen

Embora o termo Geopolítica ter sido proferido pela primeira vez em 1899 pelo cientista político sueco Rudolph Kjéllen, seu significado já era explorado por vários pensadores (como Aristóteles e Estribão na Grécia Antiga, Alberto Magno e Montesquieu, na idade média e era moderna, respectivamente) que alertavam sobre a importância geográfica na organização das sociedades.
De grosso modo, a Geografia política preocupa-se com as relações e caracterizações espaciais relacionadas ao poder do Estado, a Geopolítica pauta-se nas estratégias e relações internacionais envolvendo os Estados, suas soberanias e relações de poder.



REFERÊNCIAS

CASTRO, I. E. Geografia e política: território, escalas de ação e instituições. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
COSTA, W. M. Geografia Política e Geopolítica. São Paulo: Edusp, 1992.

Resumo e usos das categorias de análise Geográfica

 Bom, provavelmente você deve ter conferido a série de posts sobre as categorias de análise da geografia, mas se ainda não leu, aproveite e leia agora, para evitar qualquer conflito de ideias pois este post agora é de forma resumida que iremos elucidar como funcionam as categorias que o profissional de geografia dispões para pesquisa e como os estudantes em geral devem compreender em seus diversos contextos.


Como explicamos, a Geografia para poder explicar melhor os fenômenos, dispõe de 5 categorias-chave e que são de uso em geral, como o Geógrafo Marcelo Lopes de Souza pontua em um de seus livros, são conceitos que fazem parte do arsenal de conceitos fundamentais para a pesquisa sócio-espacial. São eles: Espaço, Paisagem, Lugar, Território e Região. Cada categoria dessa possui sua importância e maior força conforme a escala de análise e os principios que irão orientar o estudo. Veremos um por um


Espaço

É a categoria mais geral, que segundo o geógrafo Milton Santos, o espaço é o conjunto inseparável do sistema de ações e sistema de objetos que se organizam e atribuem sentido um ao outro, sendo assim a totalidade de tudo que conhecemos hoje, por isso é a categoria chave mais geral da geografia, a escala de análise dela é infinita, partindo da micro até a macro, mais seu uso está mais associado aos processos gerais justamente pelo movimento de organização da sociedade se reproduzir em várias partes do globo.


Paisagem:

É a categoria mais voltada para o que o geógrafo Christofoletti considera como função estético-descritiva, pois seus estudos são obtidos através dos sentidos como visão, olfato, audição entre outros. E por estar muito ligada para as análises ambientais, a categoria é muito usada na parte de geografia física que analisa as interações entre os ambientes aquáticos e terrestres, como também as questões vegetais e climáticas. 



Lugar:

É a categoria geográfica que está mais próxima das escalas menores, foi resgatada através das correntes de pensamento mais contemporâneas e leva em consideração as questões mais ligadas ao subjetivo. Existe toda uma discussão do que seria o lugar, pois como existe a questão afetiva, os lugares variam conforme a subjetividade de cada pessoa, assim, quanto menor a escala, maior a afetividade e maior a relação de lugar. Esta categoria é muito usada para explicar os sentimentos de pertencimento e práticas culturais das pessoas enquanto coletividade. Assim, as manifestações culturais podem ser explicadas a partir das relações de lugar, afetividade, pertencimento e identidade.



Território:

É a categoria mais emblemática e de maior interesse no público geral, pois o território se remete ao espaço em que se constitui a partir de relações de poder, partindo da definição de poder mais usuais como Foucault e Arendt para sua disputa e conflito no espaço. O uso desta categoria é muito vasto, no espaço rural é muito forte nos estudos agrários quando utilizado para explicar as relações do campo, onde há os conflitos pelo uso do território pelos posseiros, fazendeiros, camponeses, grileiros etc. 

Mas o ponto que mais interessa o público em geral é que a área de estudo da geografia que se debruça pelo território é a Geografia Política e a Geopolítica, as quais são áreas que analisam as relações humanas, relações de estados e nações e explicam a existência de conflitos, uniões e interesses econômicos por parte dos mais diversos agentes (pessoas, orgãos, instituições, países e blocos).



Região:

Possivelmente a categoria mais comentada pelo blog por se tratar de um conceito que estava no centro da constituição desta ciência, ela é complexa e existe assim como as outras categorias pela ação da dinâmica natural ou da sociedade, mas também existe a partir do interesse do pesquisador que recorta o espaço num conjunto de áreas em comum a partir de características que o mesmo define previamente. Um exemplo disso são as divisões regionais do IBGE que divide o Brasil em 5 grandes regiões respeitando os limites administrativos estaduais, mesmo que um mesmo estado como o do Maranhão compartilhe características semelhantes a da região norte e nordeste. O interesse levado em conta pelo pesquisador nessa situação é a facilidade para processar os dados e explicar ao público em geral as divisões do Brasil.



Todas essas categorias estão entrelaçadas e não há existência exclusiva delas, ou seja, uma mesma área pode ser espaço e território, território e lugar, paisagem e lugar, espaço e região e assim sucessivamente.

Veja a seguir um esquema das categorias a partir da formulação do geógrafo Rogério Haesbaert que os classifica como constelação de conceitos:









REFERÊNCIAS



ANDRADE, M. C. Geografia: ciência da sociedade. São Paulo, 2003

CHRISTOFOLETTI, A. Perspectivas da Geografia. São Paulo: Difel, 1982.

CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CORRÊA, R. L. (org.) Geografia: conceitos e temas. 6 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, p. 15-47.

HAESBAERT, Rogério. Por uma constelação geográfica de conceitos. In: HAESBAERT, Rogério. Viver no limite: território e multi/transterritorialidade em tempos de insegurança e contenção. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. P. 19 – 51.

SANTOS, M. Espaço e sociedade. Petrópolis (RJ): Vozes, 1979.

SODRÉ, N. W. Introdução à Geografia. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1977.

SOUZA, Marcelo Lopes de. Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

As categorias de análise geográficas: A Região

A geografia é a ciência cuja prioridade de estudo está direcionada ao espaço geográfico, pois trata-se do seu objeto de estudo. Para ler, analisar e compreender melhor o espaço geográfico, o profissional da geografia dispõe de um conjunto de categorias analíticas, que estão contidas no espaço, que são: paisagem, lugar, território e região.

Como este assunto é muito importante e complexo, vamos dividir em uma série de posts que irão trabalhar cada categoria da geográfica. E hoje vamos finalizar a série discutindo um pouco mais a respeito da categoria Região.

O conceito de região e o exercício de regionalização faz parte também do estudo de muitas ciências, como a matemática, a biologia, a geologia e etc. Além de fazer parte do vocabulário de outras ciências, o termo região é de uso corrente no senso comum, e por isso possui uma multiplicidade de significados. No senso comum, o termo região é empregado à localização e extensão de um fato ou fenômeno, ou ainda aos limites habituais atribuídos à diversidade espacial.

A região também significa unidade administrativa, já que os Estados utilizam para administração com fins de planejamento e hierarquia a divisão regional. E nas demais ciências o sentido de região está bastante atrelado a localização de um certo domínio, isto é, na predominância de um aspecto em parte do território. Neste caso, é considerada região a área que apresenta uma certa regularidade de propriedades que a definem.

No âmbito da geografia, o uso desta noção de região é um pouco mais complexa, já que trata-se de uma categoria analítica. Este conceito surge no início do século XX, considerada um elemento da geografia física, e por tanto, região natural. De acordo com o geógrafo Paulo César da Costa Gomes, o conceito de região natural nasce com a ideia que o ambiente tem um certo domínio sobre a orientação do desenvolvimento da sociedade. Inicia-se assim um intenso debate acerca do conceito de região, principalmente com a contraposição da corrente possibilista, a qual defende que a natureza pode influenciar a sociedade, mas seria a natureza fornecedora de possibilidades para o homem, o qual seria o principal agente escolhendo o que esta colocava a sua disposição.

Exemplo de região natural



Em termos de escala a região ela é empregada em áreas maiores que municípios e menores que o país. Sua importância é enorme para os estudos do IBGE e para o planejamento do Estado que toma essas análises como base para criação e administração das políticas públicas.

A ideia deste post é compreender a noção de região a partir do espaço, haja vista que a região é uma porção do espaço delimitada a partir do agrupamento de aspectos, em certa medida, homogêneos, seja por um critério físico-natural ou socioeconômico, dentre outros. A região é uma categoria analítica importante na Geografia, até meados dos anos 1960 era a considerada a categoria-chave mais importante pois dela decorria todas as análises e planejamentos que derivam na delimitação de uma determinada porção espacial, por meio daquilo que é diferente e/ou semelhante.

O Brasil dividido em cinco macro-regiões.


Uma consideração importante a ser feita discorre do que se foi produzido em termos do conceito de Região ao longo dos anos, por exemplo, ela foi construída fortemente pelo geógrafo francês Vidal de La Blache e pelo americano Richard Hartshorne, sendo La Blache o formulador do conceito Gênero de Vida e pensador de uma região enquanto entidade viva que existe antes mesmo do homem a observar, e Hartshorne definindo a Região como uma classe de diferenciação de áreas cujo pesquisador era responsável por definir a região conforme sua intenção, ou seja, a região um produto da imaginação do observador.

O geógrafo brasileiro Rogério Haesbaert traz a concepção mais usual de região ao trabalhar ela como categoria complexa e que pode ser tanto fruto da intenção do pesquisador, que recorta uma área do espaço a partir de um critério para uma evidenciar uma característica específica quanto uma área diferenciada de características pré-existentes ao olhar de um observador. Mas, é preciso considerar que, a região não é estática e permanente, ao contrário disso, ela é dinâmica pois a mesma é um recorte do espaço.

Exemplo de regiões administrativas com base nas características naturais e de dinâmica social 



E ai curtiu essa série sobre as categorias geográficas? Comenta aí o que achou e me diz qual delas você não imaginava a dimensão!






REFERÊNCIAS

GOMES, Paulo César. O conceito de região e sua discussão. In: CASTRO, I. E. (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. 15. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
HAESBAERT, Rogério. Morte e vida da região: antigos paradigmas e novas perspectivas da Geografia Regional. Anais do XXII Encontro Estadual de Geografia: As múltiplas concepções da questão regional no Rio Grande do Sul. Porto Alegre e Rio Grande: AGB, FAPERGS e FURG, 2003.
SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico-informacional. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2008.
SOUZA, Marcelo Lopes. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, I. E. (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. 15. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

As categorias de análise geográfica: O Território


A geografia é a ciência cuja prioridade de estudo está direcionada ao espaço geográfico, pois trata-se do seu objeto de estudo. Para ler, analisar e compreender melhor o espaço geográfico, o profissional da geografia dispõe de um conjunto de categorias analíticas, que estão contidas no espaço, que são: paisagem, lugar, território e região.

Como este assunto é muito importante e complexo, vamos dividir em uma série de posts que irão trabalhar cada categoria da geográfica. E aqui mais uma vez estamos para dar continuidade a série, hoje vamos discutir um pouco mais a respeito de outra categoria: O Território.

É muito comum o uso do termo território para demarcação de uma área por parte de animais, como "ah os animais mijam em determinado lugar porque estão marcando território", de certa forma o uso do termo está correto porque o termo refere-se ao uso de poder em um determinado local, mas para a Geografia, o uso do termo esta restrito às relações de poder por parte dos seres humanos.

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Este é um termo comumente empregado por muitos indivíduos também no sentido do território nacional, pensando unicamente no Estado ou governo de um país, e aos sentimentos de patriotismo. É certo que não existe Estado sem território, mas existe território sem Estado.

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O significado de território é bastante vasto, visto que esse é construído em diversas escalas, desde uma rua até a formação de um bloco de países. Assim, desde a escala local a internacional existe território, com temporalidades diferentes no que diz respeito à existência destes.

Mas a noção de território que se pretende discutir aqui é o território como resultado das relações sociais, que materializam o espaço concreto, isto é, as formas espaciais, as quais possuem um tempo de vida indeterminado, podendo ser sua existência longa ou curta. Assim, o território pode ser definido como um espaço delimitado por relações de poder, sendo essencialmente um instrumento de exercício de poder, defendido por um indivíduo ou por um grupo de indivíduos.

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Ademais, na concepção do geógrafo Marcelo Lopes de Souza, o território pode ser cíclico ou móvel, dentre os quais podemos destacar o território da prostituição. Trata-se de um território cíclico pela alternância habitual de uso diurno e noturno de determinados espaços, e móvel por ser uma área flutuante, com limites instáveis, com uma área de influência deslizando sobre o substrato material, com relativa identidade, sendo esta mais funcional que afetiva.

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Já outras territorialidades são mais definidas e possuem menor mobilidade, como é o caso de camelôs que se apropriam de espaços públicos, como praças durante parte do dia, que podem se deslocar para outras áreas devido a conflitos com lojistas e a polícia. Eis um conflito entre o trabalho formal e informal. Outro exemplo de territorialidade mais definida, ocorre quando em dias de feira-livre, quando feirantes armam seus bancos nas ruas em dias especificados pelo poder público, o qual organiza e cobra tributos dos feirantes.

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Assim, depreende-se que as relações de poder espacialmente delimitadas e operando que se instalam sobre parte da materialidade, isto é, a territorialidade, é aquilo que faz de qualquer território um território. Desta forma, conforme Marcelo Lopes de Souza, todo espaço definido e delimitado por relações de poder é um território, do quarteirão aterrorizado por uma gangue de jovens até o bloco constituído pelos países membros da OTAN.







REFERÊNCIAS

SOUZA, Marcelo Lopes. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, I. E. (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. 15. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

As categorias de análise geográfica: O Lugar



A geografia é a ciência cuja prioridade de estudo está direcionada ao espaço geográfico, pois trata-se do seu objeto de estudo. Para ler, analisar e compreender melhor o espaço geográfico, o profissional da geografia dispõe de um conjunto de categorias analíticas, que estão contidas no espaço, que são: paisagem, lugar, território e região.
Como este assunto é muito importante e complexo, vamos dividir em uma série de posts que irão trabalhar cada categoria da geográfica. E dando continuidade a série, hoje vamos discutir um pouco mais a respeito de outra categoria: O Lugar


A palavra "lugar" é empregada comumente na maioria das conversas como uma classe de área pequena e localização indefinida. Para a geografia o lugar é onde a vida acontece, é o centro do convívio social.


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No estudo do lugar, cabe ao geógrafo considerar os seus limites territoriais, a proximidade física entre as pessoas e a sociabilidade entre elas. Considerar o lugar em sua totalidade social, é tê-lo como o lugar da base da reprodução da vida, é o mundo do vivido, onde se produz a existência social dos seres humanos, e analisá-lo enquanto a tríade: habitante – identidade – lugar. Entender o lugar enquanto base da convivência social é um princípio lógico, pois dizer que uma pessoa vive no mundo, ou no continente americano, ou território brasileiro ou região norte é muito impreciso porque a pessoa vive em um lugar determinado, em uma classe de área menor a qual ela (a pessoa) criará vínculos de identidade e de pertencimento. E esse lugar estará então localizado nas classes de áreas maiores (região, país, continente etc.)


De acordo com Milton Santos “Cada lugar é, à sua maneira, o mundo”. Em outros termos, o lugar é singular, mas ao mesmo tempo é o mundo, devido a inevitável conexão que a técnica, ciência e informação possibilita com outros lugares. “Mas, também, cada lugar, irrecusavelmente numa comunhão com o mundo, torna-se exponencialmente diferente dos demais. A uma maior globalidade corresponde uma maior individualidade”. Nesse sentido, quanto maior a conectividade do lugar com os demais a nível global, maior será a sua individualidade, rompendo assim com a ideia de homogeneização.


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A individualidade do lugar decorre justamente da quantidade de processos pelos quais ele está inserido. E nesse emaranhado de processos internos e externos, a um movimento de revolta, de resistência contra a homogeneização dos lugares, trata-se da revanche da cultura popular contra a cultura de massa. A cultura popular torna-se também de massa, na medida em que passa a utilizar instrumentos da globalização para a sua maior difusão, preconizando assim a expansão da identidade local para além do lugar, impelindo a participação e apreço dos indivíduos para com as raízes e fortalecendo assim a identidade concreta do lugar. De acordo com Milton Santos.


Deste modo, pode-se dizer que, o lugar é o ponto de encontro de múltiplas práticas sócio-espaciais, é o palco do devir cotidiano social, é a base da vida comum, das identidades, do sentimento de pertencimento e das forças espontâneas e criativas dos indivíduos por meio da razão e da emoção.


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REFERÊNCIAS

CASTRO, I. E. (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. 15. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico-informacional. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2008.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2012.

As categorias de análise geográfica: A Paisagem

A geografia é a ciência cuja prioridade de estudo está direcionada ao espaço geográfico, pois trata-se do seu objeto de estudo. Para ler, analisar e compreender melhor o espaço geográfico, o profissional da geografia dispõe de um conjunto de categorias analíticas, que estão contidas no espaço, que são: paisagem, lugar, território e região.

Como este assunto é muito importante e complexo, vamos dividir em uma série de posts que irão trabalhar cada categoria da geográfica. E dando continuidade a série, hoje vamos discutir um pouco mais a respeito de uma categoria : A Paisagem

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Ao se falar em paisagem, é comum que façamos associações a lugares de predominante cobertura vegetal, da interação entre seres vivos com ambientes naturais, de belas pinturas do período artístico clássico. Não que esteja totalmente errado, mas isso é apenas uma forma de paisagem. Vem com a gente que vamos te esclarecer!

Quando se estuda a paisagem, devemos sempre manter em mente que a escala varia de acordo com a localização, ampliando-se o seu campo na medida em que se eleva a altura, seja em uma escada, prédio, morro, avião, etc. E varia também quanto à percepção do observador, pois o modo de analisar a paisagem é particular a cada indivíduo, em muitos casos há uma predominância da descrição do imediato, escapando a sua subjetividade, o seu movimento, a dinâmica do espaço.

No que se refere ao conceito de paisagem, Milton Santos a define como “Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons, etc.”. Desta forma, a paisagem é uma categoria inerente aos sentidos do individuo, mormente a visão. Em suma, sem o indivíduo a paisagem não existe. Assim, parece que tudo é paisagem então, certo? Quase isso rs. Pois a paisagem é um recorte do espaço geográfico que é apreendido através de algum de nossos sentidos. A feira é um bom exemplo de paisagem e que por vezes não a compreendemos assim, pois como antes citamos, tendemos a achar que paisagem são apenas formas sobrepostas da natureza com alguma interação animal, mas lembre que se você pode conhecer um lugar pelos sons, ou odores, ou visão. Significa que isso é paisagem!

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A paisagem é uma espécie de retrato temporário de determinada porção do espaço, que pode ser apreendido pela observação de imagens e/ou pelo simples olhar do entorno, daquilo se apresenta ao nosso redor, e também do horizonte. Ainda para Milton Santos, a paisagem é apenas a porção da configuração territorial possível de abarcar com a visão, onde as formas criadas em momentos históricos diferentes coexistem.

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REFERÊNCIAS

CASTRO, I. E. (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. 15. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico-informacional. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2008.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2012.

As categorias de análise geográfica: O Espaço

Como já falamos algumas vezes, a geografia é a ciência cuja prioridade de estudo está direcionada ao espaço geográfico, pois trata-se do seu objeto de estudo. O espaço geográfico compreende a totalidade da superfície terrestre, considerando o seu substrato físico de objetos naturais e objetos sociais, e também a ações que animam a sua dinâmica e o seu processo histórico de produção. 
Como o espaço geográfico possui toda essa totalidade, a leitura de certos fenômenos pode ficar comprometida, perdendo força e/ou foco. Visto isso, para ler, analisar e compreender melhor o espaço geográfico, o profissional da geografia dispõe de um conjunto de categorias analíticas, que estão contidas no espaço, que são: paisagem, lugar, território e região.

Como este assunto é muito importante e complexo, vamos dividir em uma série de posts que irão trabalhar cada categoria da geográfica. Começando com a categoria chave que engloba as demais categorias: O Espaço

A palavra espaço é de uso corrente, pois é empregada por muitas pessoas no cotidiano e utilizada por profissionais de diversas áreas, tais como: astrônomos, matemáticos, economistas e psicólogos, dentre outros. Para a Geografia, o significado do termo é particular em cada uma dessas áreas, os profissionais citados anteriormente utilizam respectivamente as seguintes expressões: espaço sideral, espaço topológico, espaço econômico e espaço pessoal.

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No que se refere especificamente a Geografia, utiliza-se a expressão espaço geográfico (seu objeto de estudo) ou simplesmente espaço, esta é associada e trabalhada nas escolas como sendo uma parte da superfície terrestre, identificada pela natureza, pelo modo de vida particular do homem, e como referência a simples localização. Mais do que uma área específica apontada fazendo menção à localização, o espaço é uma totalidade dotada de complexidade, subjetividade, que é definido por Milton Santos como “[...] um conjunto indissociável, solidário e também contraditório de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá”.

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Ou seja, o espaço geográfico considera todos os objetos existentes numa extensão contínua, sem exceção, ao passo que a ação é tudo aquilo que possui uma intencionalidade e um propósito. Segundo Milton Santos, “A ação é o próprio do homem. Só o homem tem ação, porque só ele tem objetivo, finalidade. A natureza não tem ação. As ações humanas não se restringem aos indivíduos, incluindo, também, as empresas, as instituições”. São essas ações que definem os objetos, atribuem-lhe funções, conteúdos.

Viu como a compreensão do espaço não é uma tarefa fácil? A realidade além de contraditória, é uma totalidade em movimento, ou seja, resulta da acumulação de tempos passados e do tempo presente, envolvendo assim a materialidade histórica, processos e funções que o perpassam e o organizam o espaço.

Fique ligado(a) para ver nossos outros posts sobre as outras categorias. Abraços!!!


REFERÊNCIAS

CASTRO, I. E. (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. 15. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico-informacional. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2008.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2012.

Você sabe o que é o IBGE?

O que é o IBGE?


IBGE é a sigla utilizada para representar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O grande objetivo do IBGE é coletar informações e dados para fazer levantamentos estatísticos sobre a realidade geográfica, demográfica e econômica do Brasil.

Periodicamente, o instituto promove Censos, que são grandes entrevistas informacionais ao redor do Brasil. Muitas das informações divulgadas pelo IBGE são colhidas inicialmente através dos Censos.

O Censo demográfico, por exemplo, colhe informações com o objetivo de traçar o perfil demográfico da população do país. Ou seja, busca quantificar e qualificar a população.

 

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História do IBGE



O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é público e de administração federal, tendo iniciado suas atividades no ano de 1938. No ano de 1934, foi criado o INE (Instituto Nacional de Estatística). Além disso, em 1937, foi criado o CBG (Conselho Brasileiro de Geografia). Em 1938 houve a junção dos órgãos, dando origem ao IBGE no seu conhecido formato atual.
O instituto está vinculado ao Ministério da Economia do Brasil, já que traz informações imprescindíveis para o planejamento do desenvolvimento econômico e social de um país.
Provavelmente o serviço mais conhecido do IBGE é o censo, como a principal fonte de referência nacional para conhecer a fundo os números que retratam a população brasileira. A primeira vez em que o Brasil passou por um recenseamento foi em 1808. Na época, o objetivo principal era de recrutamento para as Forças Armadas. No entanto, também por sua magnitude, o recenseamento de 1872, que foi chamado de Censo Geral do Império, é apontado como o primeiro realizado no País.

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Com a criação do IBGE e o desenvolvimento das técnicas de aplicação, a pesquisa ficou cada vez mais complexa e capaz de refletir a realidade do brasileiro com maior precisão. Atualmente, o censo é realizado a cada dez anos (em 2020 não foi possível ser realizado devido a pandemia do Covid-19, então estima-se que em 2021 seja realizado) com um questionário que busca levantar informações sobre o domicílio visitado e os seus moradores. Os resultados divulgados mostram não apenas o panorama geral do Brasil, mas também segmentações que abrangem desde as regiões até municípios e distritos.


E para quem está lendo isso até o dia 15 de março, saiba que as inscrições para o Processo Seletivo Simplificado do IBGE, para realização do Censo 2021 estão abertas. São 104 mil vagas para nível fundamental e médio, não perde essa oportunidade!
Já para compor o quadro de funcionários efetivos, não há, no momento, perspectiva de lançamento de um edital de concurso IBGE. Em fevereiro de 2019, a presidente do órgão, Susana Cordeiro Guerra, apontou que nos últimos oito anos o órgão perdeu mais de 30% de seus funcionários. Como se não bastasse isso, muitos de seus funcionários poderão se aposentar nos próximos anos, fazendo com que o IBGE perca ainda mais funcionários de seu quadro.

O último pedido de concurso público para o IBGE foi protocolado em 2017 e já não tem mais efeitos, pois foi arquivado, diante do contingenciamento governamental. Nele, constavam 1.800 vagas efetivas, das quais, 1.200 seriam para Técnico em Informações Geográficas e Estatísticas e 600 para Analista de Planejamento, Gestão e Infraestrutura em Informações Geográficas e Estatísticas.


REFERÊNCIAS

IBGE. O Instituto. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/institucional/o-ibge.html. Acesso em 21 fev. 2021.
_____. Criança e Adolescente. Rio de Janeiro (RJ): IBGE, V. 1, 1987.
_____. Noções básicas de cartografia. Rio de Janeiro: IBGE, 1999.

Geografia Geral x Geografia Regional

 A Geografia é a ciência que se preocupa em compreender os aspectos e as dinâmicas do espaço geográfico, bem como a forma que ele transforma e é transformado pelas atividades humanas em âmbito sociocultural, ambiental, econômico, político, entre outros.


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A Geografia Geral não contempla apenas as categorias que são a base da ciência geográfica, mas também temas que concentram outros conceitos relevantes para a análise da produção do espaço geográfico por possuírem uma ampla dimensão em termos temáticos e de escala. São questões que costumam apresentar um alto grau de interdisciplinaridade e envolver múltiplas relações entre os diversos ramos do saber geográfico, integrando o meio físico, o humano, o global e o regional.

Já a Geografia Regional é o estudo das regiões ao redor do mundo na busca de compreender e definir as características únicas de uma região em particular, que consistem de elementos naturais e humanos. É dada atenção também à regionalização que cobre as técnicas de delineação do espaço em regiões.

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A geografia regional também é considerada uma abordagem do estudo das ciências geográficas. Essa abordagem prevaleceu durante a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX também conhecida como o período do paradigma geográfico regional. Posteriormente foi criticada por sua descritividade e a falta de teoria. O paradigma da geografia regional teve impacto em muitas das ciências geográficas como a geografia econômica regional ou a geomorfologia regional.

Geógrafos regionais notáveis foram Vidal de la Blache, da França, com a abordagem possibilista sendo um contraponto ou até mesmo uma noção mais leve do determinismo geográfico e o geógrafo norte-americano Richard Hartshorne com seu conceito de diferenciação de áreas. No Brasil, a geografia regional é muito importante para o planejamento e gestão do estado, o maior orgão neste sentido é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, que organiza seus estudos a partir de diversas divisões regionais.
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REFERÊNCIAS

BEZZI, M. L. Região: uma (re)visão historiográfica – da gênese aos novos paradigmas. Santa Maria: Editora da UFSM, 2004.
CHRISTOFOLETTI, A. Perspectiva da geografia. São Paulo: Difel, 1982.
CORRÊA, R. L. Região e organização espacial. São Paulo, Ática, 2003.

Breve biografia dos precursores da Geografia como a conhecemos

Friedrich Ratzel vs Paul Vidal de La Blache. Por que são nomes tão importantes que você deve conhecer? 




Friedrich Ratzel (1844-1904) foi um geógrafo que teve como principal obra o livro Antropogeografia – fundamentos da aplicação da Geografia à História(1882) onde muitos acreditam que fundou a Geografia humana.

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Nela Ratzel definiu o objeto geográfico como o estudo da influência que as condições naturais exercem sobre a humanidade, ou seja, tais condições naturais “moldaria” o caráter humano, onde este refletiria na sociedade tanto em suas posses como na sua cultura; neste caso a situação natureza > homem (natureza delimita o homem). Para ele o homem precisaria utilizar os recursos da natureza, para conquistar sua liberdade pois a medida que a sociedade se expande ela necessitaria de mais recursos, se eles eram escassos a sociedade não se desenvolvia (aí que surge o termo “espaço vital”), se a sociedade dependia da natureza teria de a proteger por isso segundo ele “Quando a sociedade se organiza para defender o território, transforma-se em Estado”.

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Para entender melhor essas formulações é necessário se colocar no espaço/tempo em que eles às postulou, que foi justamente durante a formação real da Alemanha e a seu processo de expansão. Para que a unificação se concretizasse houve uma guerra entre os dois reinos, Áustria e Prússia (1886), que culminou com a vitória da Prússia, que veria então a exercer forte influência no estado em formação como por exemplo: a organização militar tanto social como estatal, o espirito nacionalista e uma política externa extremamente agressiva. Este país emergia como mais uma unidade do centro do mundo capitalista, industrializada, porém sem colônias devido sua unificação tardia. Ratzel vai ser um representante típico do intelectual engajado no projeto estatal; sua obra propõe uma legitimação do expansionismo bismarckiano, chegando a exaltar e comparar o Imperialismo a “uma luta pela sobrevivência”.
A geografia “Ratzeliana” privilegiou o elemento humano e abriu várias frentes de estudo, com um foco mais para as questões históricas/espaciais , como: a formação dos territórios, a distribuição da humanidade na Terra (migrações, colonizações, etc), o de povos isolamento e o que causaria aos mesmos , além de estudos monográficos das áreas habitadas; mas sempre considerando as imposições naturais e não sociais sobre o homem como já citado anteriormente.
Em termos de metodologia a Geografia “Ratzeliana” não expos grandes novidades manteve ela como uma ciência sintética de base empírica e naturalista, mesmo apesar de propor que ela deveria ser observada como umm todo não somente de uma forma regional como ele mesmo propõe “ver o lugar como objeto em si, e como elemento de uma cadeia”.
Os discípulos de Ratzel colocaram suas formulações de um modo muito radical simplificando-as, tomando por base nos seus estudos a máxima “o homem é um produto do meio” (onde Ratzel colocava apenas a influência do meio no homem) e formaram o que hoje se chama de “escola determinista” ou “determinismo geográfico”.
A importância de Ratzel na Geografia foi grande pois, ele trouxe temas que até então não eram abordados por ela (econômicos e políticos) e por fim colocou o homem com um ser central nas suas análises mesmo que este fosse visto por ele apenas como um animal, ao não diferenciar as suas qualidades específicas.

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De outro lado, temos Paul Vidal de La Blache (1845-1918) que foi um geógrafo francês e um dos nomes mais lembrados no que se refere à história do pensamento geográfico. Sua obra é bastante reconhecida por ser fundadora da corrente de pensamento que veio a ser denominada por Possibilismo, em oposição ao Determinismo Geográfico alemão. Vidal também foi considerado o fundador da escola regional francesa.

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La Blache rejeitava a ideia preconizada por Friedrich Ratzel e principalmente de seus discípulos que caracterizaram a escola alemã de geografia, onde as condições naturais do meio influenciavam e determinavam as atividades humanas e a vida em sociedade. Para Vidal, o homem também transformava o meio onde vivia, de forma que para as ações humanas, diversas possibilidades eram possíveis, uma vez que essas não obedeceriam a uma relação entre causa e efeito.
Graças à sua formação, La Blache trouxe para a Geografia a importância do tempo e da história para os estudos geográficos. Foi considerado, por isso, um dos grandes responsáveis pela difusão da Geografia Humana, apesar de afirmar que a Geografia não deveria estudar o homem, mas o meio em que ele vive.
La Blache também defendia a prática de uma Geografia Regional. Para esse pensador, seria impossível, ao menos naquele momento, alcançar visões totalizantes para a realidade, de forma que os conhecimentos e os conceitos só deveriam ser aplicados em realidades específicas. Por isso, incentivou e participou de muitas monografias regionais, isto é, estudos que se preocupavam apenas com uma determinada região e que se caracterizavam por serem extremamente descritivos.
Por isso, o conceito de região foi muito importante em sua obra. Na teoria lablacheana, esse conceito estava associado às paisagens naturais, de forma que uma região existia no espaço independente da vontade humana, cabendo aos cientistas apenas identificá-las e expor suas características. Tal conceito foi mais tarde criticado (um dia farei um post sobre essa polêmica regional).
Outro conceito muito importante em sua obra foi o de Gênero de Vida. Para La Blache, as regiões constituíam um meio vivo que proporcionaria o desenvolvimento das sociedades. Com a utilização dos recursos regionais naturais, a vida em sociedade constituiria, então, o que se denominou por gêneros de vida.
A partir desses conceitos e de um método que se caracterizava por ser uma sequência entre observação, comparação e conclusão, Vidal se tornou um dos maiores nomes da ciência geográfica e contribuiu para alavancar a Geografia Francesa para se opor e apresentar-se enquanto alternativa à Geografia Alemã e as suas intenções geopolíticas.

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REFERÊNCIAS

MORAES, Antônio Carlos R. A gênese da Geografia Moderna. São Paulo: HUCITEC, 2002.
OLIVEIRA, A. U. de. (Org.) Para onde vai o ensino de Geografia? São Paulo: Contexto, 1989.


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